Educador Socioprofissional


Desde o seu nascimento até à sua morte, o ser humano vive em constante interacção com o meio ambiente, trocando influências com ele. 


Educação é toda a influência que o ser humano recebe do ambiente social, durante a sua existência, no sentido de adaptar-se às normas e valores sociais vigentes e aceites. O ser humano, todavia, recebe essas influências, assimila-as de acordo com suas inclinações e predisposições e enriquece ou modifica o seu comportamento dentro dos seus próprios padrões pessoais.


Os anos 70 trazem novas coordenadas à educação com o aparecimento de novos conceitos de sistemas de educação: a educação formal, informal e não formal.


A educação formal é o sistema titulado pelo Ministério da Educação, que compreende o sistema educativo institucionalizado cronologicamente graduado e hierarquicamente estruturado – o sistema educativo português começa no pré-escolar acabando no ensino superior (Universidade). Este sistema depende de uma directriz educacional centralizada como currículo ou orientação curricular (como no caso do pré-escolar).


A educação informal é o processo circunstancial que se desenrola no decurso de encontros, leituras e acontecimentos (media, contactos com grupos sociais, actividades de tempos livres e família).


A educação não formal é o modelo que abrange técnicas que operam na realidade educacional sem obedecerem a directrizes titulados pelo Ministério de Educação, como por exemplo a educação social.


Assim, a educação não formal é toda a actividade educacional organizada, sistemática, executada fora do quadro do sistema formal para oferecer tipos seleccionados de ensino a determinados grupos de população, com objectivos explícitos de formação ou de instrução e que não estão directamente dirigidos à provisão de graus próprios do sistema educativo regular.


Conceito
Como dito anteriormente, o educador socioprofissional – outrora educador social – entende-se por aquele profissional, que depois de uma formação específica, favorece (mediante métodos e técnicas pedagógicas, psicológicas e sociais) o desenvolvimento pessoal, a maturação social e a autonomia de pessoas jovens ou adultos incapacitados, desadaptados ou em perigo de o serem. O educador socioprofissional partilha com as ditas pessoas as diferentes situações espontâneas ou provocadas do quotidiano, seja dentro de instituições residenciais ou de serviços, seja no ambiente natural da vida através da acção contínua e conjunta com a pessoa em questão e o seu ambiente (Associação Internacional de Educadores da Juventude em Dificuldade – 1995).


Posto isto, o educador socioprofissional é aquele profissional que intervêm no meio social com o intuito de modificar determinadas situações pessoais e sociais por meio de estratégias e recursos educativos, promovendo desta feita o desenvolvimento do ser humano e consequentemente da sociedade em que este se insere.


Origem
Esta profissão surge no desequilíbrio social decorrente da II Grande Guerra (em 1945) como a medida de resolução de uma série de problemas e carencias que a sociedade europeia vivia na altura. Assim e desde então, vêm-se a celebrar diversos encontros internacionais em torno da educação de jovens inadaptados. Seis anos (1951) depois é fundada a Associação Internacional de Educadores de Jovens em Dificuldade, que celebra o seu primeiro congresso no ano seguinte (1952), que se vêm a suceder até hoje.


Em suma, o educador socioprofissional tem os seus antecedentes na Alemanha de 1922, onde foi legislada a Lei Reguladora da Ajuda e Tutela a Jovens, tendo sido agilizado o seu aparecimento com o período de carência decorrentes da II Guerra Mundial. Desta feita, surgem escolas de educadores em França, em Espanha e a partir de 1980 é criada a figura do Técnico Especialista em Educação Social.


Âmbitos de Intervenção
Esta profissão de Educador Socioprofissional toca várias outras profissões dentro das Ciências Sociais, tendo por isso provocado o desenvolvimento de diversas investigações de forma a distingui-la das restantes. Desta feita, Parcerisa (1999) propôs uma classificação de âmbitos de intervenção do Educador Socioprofissional, que passo a referir:


Animação ou dinamização sociocultural – actividades extracurriculares ou de tempos livres;
Educação de Pessoas Adultas – educação básica, formação profissional, etc;
Educação em sectores com problemáticas específicas – pessoas com incapacidades, imigrantes e minorias, inadaptação social, justiça juvenil;
Intervenção nos meios de educação informal – meios de comunicação, indústria do lazer e da cultura, etc.


Já em 1968, Sarramona e Úcar, tinham avançado com quatro campos de intervenção do educador socioprofissional, como a Educação permanente de pessoas adultas, Formação profissional, Educação especializada e Animação sociocultural e tempos livres.


Funções
Básica 
Atenção a necessidades básicas - Cuidados de Alimentação, Higiene, Vestuário, Protecção e outras necessidades do indivíduo.
Normativas
Regras, valores, autoridade e ajuda.
Formativa
Identificação de problemas e apoio, desenvolvimento de capacidades, habilidades e estratégias, concepção, desenvolvimento, execução e avaliação de programas sociais.
Coordenação
De equipas, actividades e programas, para além de encaminhamento para especialidades.
Tratamento e seguimento
De processos e programas sociais.
Mediador Social


Educador Socioprofissional vs. Pedagogo Social
Conforme foi dito aquando da definição de Educador Socioprofissional, este profissional utiliza-se de diversos métodos e técnicas, entre os quais estão os pedagógicos. Esta ligação umbilical entre a pedagogia e a educação provoca muitas vezes dúvidas entre a real função do Educador e do Pedagogo.


Procurando distingui-los, Gloria Pérez Serrano (La Educación Social Objeto de estudio de la pedagogia social – 2003) refere que a actividade profissional do Pedagogo Social trata-se de um âmbito profissional de conhecimento. Assim, o Pedagogo Social é um teórico da educação e um expert que se dedica a formar os educadores convencionais. Esta surge como resposta à necessidade de transpôr a pedagogia para outros espaços da sociedade, como a educação não formal, a empresa, a educação especializada, entre outros.


Posto isto, a autora identifica o espaço profissional de cada um, Educador e Pedagogo Social. Assim, o licenciado em Educação Social está destinado a trabalhar profissionalmente em campos como: 
Prevenção e tratamento da exclusão e inadaptação infantil e juvenil;
Animação sociocultural;
Educação de adultos e de idosos;
Educação socioprofissional.


Os licenciados em Pedagogia Social poderão actual nos seguintes âmbitos:
Trabalho profissional como gestor ou assessor em organizações públicas e privadas, no campo da educação formal como não formal;
Análise, concepção, planificação, desenvolvimento e avaliação de programas educativos;
Assessoria ao sistema educativo infantil, primaria, secundaria, bacharlato, formação profissional e universitária;
Educação de adultos e idosos;
Lazer e tempos livres – saúde e meio-ambiente;
Pedagogia laboral com actuação específica no mundo do trabalho – direccionadas à melhoria de competências humanas;
Trabalho em organismos de politica educativa locais, autónomos, nacionais e internacionais;
Elaboração de materiais e jogos didácticos;
Ensino e investigação;
Formação de Formadores;
Orientação pessoal e profissional.